Qui tacet, consentire videtur
OLHAR EM VOLTA E ACHAR TUDO ESTRANHO E DIFERENTE, QUANDO TUDO SEMPRE ESTEVE IGUAL, INDICA QUE SEUS DIAS DE ESTUPIDEZ ACABARAM. A MAIOR BENÇÃO QUE UM SER HUMANO PODE TER, É PODER CONTEMPLAR SOZINHO A CAPACIDADE QUE SEU SEMELHANTE TEM DE SER ESTÚPIDO. "Que Deus me defenda de mim, da natureza que me foi inculcada".(Nietzsche, F.W.)
Friday, May 26, 2006
Monday, May 22, 2006
(Re)Inventando versões
Acorda-se num dia inespecífico, um dia como qualquer outro, um dia de muito trabalho pela frente, sem muitos planos diferentes dos de sempre. Fazer o de sempre. Agir como sempre. Ser o que se é sempre.
Mas num dia como esse, acorda-se e, desde as primeiras coçadinhas no olhos (...), se é tomado por sentimentos que contradizem algumas escolhas que se fez. Arrependimento, alguns diriam, mas não. Só quem sabe de que sentimentos se tratam é quem os sente. E o dia transcorre como os dias de sempre. Mas os sentimentos não desistem de fazer sucumbir um ser que tenta, tenta e tenta ser e permanecer coerente.
E para o final do dia, coloca-se uma música em "repeat" para fazer os demônios se acalmarem e dormirem.
E quando eles se acalmam, fecha-se os olhos e tudo mais parece um cenário do Laranja Mecânica. E ao fundo toca um remix de The End e Lucy In the Sky With Diamonds.
Mas num dia como esse, acorda-se e, desde as primeiras coçadinhas no olhos (...), se é tomado por sentimentos que contradizem algumas escolhas que se fez. Arrependimento, alguns diriam, mas não. Só quem sabe de que sentimentos se tratam é quem os sente. E o dia transcorre como os dias de sempre. Mas os sentimentos não desistem de fazer sucumbir um ser que tenta, tenta e tenta ser e permanecer coerente.
E para o final do dia, coloca-se uma música em "repeat" para fazer os demônios se acalmarem e dormirem.
E quando eles se acalmam, fecha-se os olhos e tudo mais parece um cenário do Laranja Mecânica. E ao fundo toca um remix de The End e Lucy In the Sky With Diamonds.
Thursday, May 18, 2006
O cotidiano
A passagem por aqui hoje tem um motivo bem claro e definido.
Me indago se é um costume de todo mundo sempre se atolar mais numa razão inversamente proporcional às suas possibilidades, ou se isso é hábito de poucos (e para poucos).
Por que tem gente que só consegue fazer as coisas andarem bem sempre que se vê com mínimas condições para tal?
Caralho!
O mais engraçado disso tudo é, depois de assumir mais compromissos do que o senso comum permitiria, o "nêgo" fica vivendo um conflito de arrependimento/contentamento/cansaço-adiantado/ego preenchido.
Affff...vá saber o que acontece com essa gente.
Um adendo....
E a mídia continua "medindo" a calmaria na cidade de acordo com os índices de tráfego e eventos isolados de vandalismo espalhados por aí.
Ahhhh....
Mas A COPA DO MUNDO ESTÁ CHEGANDO!!!!
Me indago se é um costume de todo mundo sempre se atolar mais numa razão inversamente proporcional às suas possibilidades, ou se isso é hábito de poucos (e para poucos).
Por que tem gente que só consegue fazer as coisas andarem bem sempre que se vê com mínimas condições para tal?
Caralho!
O mais engraçado disso tudo é, depois de assumir mais compromissos do que o senso comum permitiria, o "nêgo" fica vivendo um conflito de arrependimento/contentamento/cansaço-adiantado/ego preenchido.
Affff...vá saber o que acontece com essa gente.
Um adendo....
E a mídia continua "medindo" a calmaria na cidade de acordo com os índices de tráfego e eventos isolados de vandalismo espalhados por aí.
Ahhhh....
Mas A COPA DO MUNDO ESTÁ CHEGANDO!!!!
Tuesday, May 16, 2006
Nesse caso, eu me calo para consentir
Pânico no galinheiro
DEMÉTRIO MAGNOLICOLUNISTA DA FOLHA
O PCC deflagrou ontem a guerra da informação. Existiram, aqui e ali, disparos reais, mas sobretudo os bandidos dispararam aleatoriamente chamadas telefônicas ameaçadoras. BUUU! A cidade de São Paulo reagiu como um imenso galinheiro. Rumores correram soltos, desatando reações em cadeia. Sob o influxo do boato, comerciantes baixaram portas de aço, pais assustados correram às escolas para resgatar as crianças e empresas suspenderam o serviço. De um bairro a outro, a cidade apagou-se ao longo da tarde.Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, não renunciou à vida, nem sob sítio e debaixo das rajadas de franco-atiradores. Os mercados de Bagdá funcionaram em meio aos estrondos das bombas e mísseis dos ataques norte-americanos. Londres não parou durante os bombardeios aéreos alemães, na Segunda Guerra Mundial. Mas São Paulo curvou-se à delinqüência comum. Vergonha!A culpa é dos governantes? Sempre, em primeiro lugar, a culpa é deles. Atônitas, cercadas por numerosas assessorias inúteis, as autoridades estaduais e federais entregaram-se desde domingo ao jogo eleitoral, elaborando declarações maliciosas sobre seus adversários. Mas esses especialistas na baixa política não foram capazes de identificar o sentido da operação do PCC e, na prática, renunciaram a governar.Na hora da primeira série de ataques coordenados, o governo do Estado de São Paulo tinha a obrigação de centralizar as forças policiais em um comando único de emergência. Em vez disso, talvez inspirado nas ações dos comandantes do Exército que, no Rio de Janeiro, firmaram um acordo fétido com o Comando Vermelho, ele preferiu iniciar negociações sigilosas com os chefes da delinqüência.De nada servem um governador e um secretário da Segurança impotentes diante de uma guerra de rumores. Ontem, enquanto os cidadãos se acovardavam, os boletins de notícias desempenhavam involuntariamente o papel destinado a eles no planejamento dos bandidos. Mas não passou pela cabeça vazia das autoridades o recurso elementar de, usando a legislação disponível, colocar a TV e o rádio em rede oficial, por todo o tempo necessário, a fim de desfazer a boataria, chamar as pessoas à razão e impedir o cancelamento da vida normal.A culpa é só dos governantes? Não, mil vezes não! São Paulo conheceu ontem os efeitos psicológicos da indústria do medo. A classe média que não deixa os seus filhos circularem de ônibus e metrô, que se cerca de câmeras e alarmes, que passeia apenas em shopping centers e aspira comprar um automóvel blindado correu na direção de seus bunkers domésticos murmurando tolices sobre a pena de morte. No começo da noite, um manto de silêncio desceu sobre a cidade. Vergonha!
DEMÉTRIO MAGNOLICOLUNISTA DA FOLHA
O PCC deflagrou ontem a guerra da informação. Existiram, aqui e ali, disparos reais, mas sobretudo os bandidos dispararam aleatoriamente chamadas telefônicas ameaçadoras. BUUU! A cidade de São Paulo reagiu como um imenso galinheiro. Rumores correram soltos, desatando reações em cadeia. Sob o influxo do boato, comerciantes baixaram portas de aço, pais assustados correram às escolas para resgatar as crianças e empresas suspenderam o serviço. De um bairro a outro, a cidade apagou-se ao longo da tarde.Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, não renunciou à vida, nem sob sítio e debaixo das rajadas de franco-atiradores. Os mercados de Bagdá funcionaram em meio aos estrondos das bombas e mísseis dos ataques norte-americanos. Londres não parou durante os bombardeios aéreos alemães, na Segunda Guerra Mundial. Mas São Paulo curvou-se à delinqüência comum. Vergonha!A culpa é dos governantes? Sempre, em primeiro lugar, a culpa é deles. Atônitas, cercadas por numerosas assessorias inúteis, as autoridades estaduais e federais entregaram-se desde domingo ao jogo eleitoral, elaborando declarações maliciosas sobre seus adversários. Mas esses especialistas na baixa política não foram capazes de identificar o sentido da operação do PCC e, na prática, renunciaram a governar.Na hora da primeira série de ataques coordenados, o governo do Estado de São Paulo tinha a obrigação de centralizar as forças policiais em um comando único de emergência. Em vez disso, talvez inspirado nas ações dos comandantes do Exército que, no Rio de Janeiro, firmaram um acordo fétido com o Comando Vermelho, ele preferiu iniciar negociações sigilosas com os chefes da delinqüência.De nada servem um governador e um secretário da Segurança impotentes diante de uma guerra de rumores. Ontem, enquanto os cidadãos se acovardavam, os boletins de notícias desempenhavam involuntariamente o papel destinado a eles no planejamento dos bandidos. Mas não passou pela cabeça vazia das autoridades o recurso elementar de, usando a legislação disponível, colocar a TV e o rádio em rede oficial, por todo o tempo necessário, a fim de desfazer a boataria, chamar as pessoas à razão e impedir o cancelamento da vida normal.A culpa é só dos governantes? Não, mil vezes não! São Paulo conheceu ontem os efeitos psicológicos da indústria do medo. A classe média que não deixa os seus filhos circularem de ônibus e metrô, que se cerca de câmeras e alarmes, que passeia apenas em shopping centers e aspira comprar um automóvel blindado correu na direção de seus bunkers domésticos murmurando tolices sobre a pena de morte. No começo da noite, um manto de silêncio desceu sobre a cidade. Vergonha!
Friday, May 12, 2006
Changed

Toda metamorfose é complicada.
Tirar a casca sempre é bem difícil, principalmente quando todo o mundo não quer te ver com outra "roupa", e faz questão de tentar te trazer de volta pro mundinho anterior, com frases do tipo "Mas você não precisa passar por isso!".
Daí, acaba que, ou você assume de vez as consequencias dessa mudança, ou passa a vida inteira em conflitos com seu mundo e o dos outros.
Cada um possui um "mundo de qualidade" próprio, onde as verdades são individuais e, nem sempre, elas combinam com as verdades alheias.
E os conflitos entre os indivíduos se dá por conta de que cada um tenta fazer o outro engolir o seu mundo de qualidade.
E aí é que fode tudo mesmo! Como é que se pode aceitar como verdade o que pra você é uma enorme bobagem?
Nessas, ou o cara acaba (quase) sozinho, ou então resolve continuar idiota e não se assumir, vivendo o mundo de qualidade dos outros.
Thursday, May 04, 2006
Os limites entre a forca e a força
Sempre se pode esperar da vida muito mais do que ela já mostrou. Não importa quanto tempo se viva, se ainda restar um minutinho, pode esperar que há chances de se presenciar o que se consideraria o maior absurdo de todos.
Nessas, tem muita gente que vive sempre nos limites. Nos limites entre a embriaguez e a sobriedade, loucura e sanidade, paixao descontrolada e desapego, euforia e depressão, e na lista sempre cabe mais um "parzinho" de contradições emocionais.
Mas há um tendência em se julgar que o motivo pelo qual se vive nesses limites é justamente por conta das surpresinhas da vida.
Ninguém nunca está esperando, mesmo, que alguém invada a sua casa, ou arrombe o seu carro, ou roubem sua carteira.
Mas deixar que acontecimentos que deveriam ser considerados corriqueiros façam com que se perca o compasso da vida, aí já é desculpa de bunda-mole pra não se assumir.
Os limites entre a forca e a força devem ser bem maiores que uma simples cedilha.
Nessas, tem muita gente que vive sempre nos limites. Nos limites entre a embriaguez e a sobriedade, loucura e sanidade, paixao descontrolada e desapego, euforia e depressão, e na lista sempre cabe mais um "parzinho" de contradições emocionais.
Mas há um tendência em se julgar que o motivo pelo qual se vive nesses limites é justamente por conta das surpresinhas da vida.
Ninguém nunca está esperando, mesmo, que alguém invada a sua casa, ou arrombe o seu carro, ou roubem sua carteira.
Mas deixar que acontecimentos que deveriam ser considerados corriqueiros façam com que se perca o compasso da vida, aí já é desculpa de bunda-mole pra não se assumir.
Os limites entre a forca e a força devem ser bem maiores que uma simples cedilha.
Wednesday, May 03, 2006
De pererecas a sapos-boi
Quem é que nunca engoliu um sapo?
A expressao, muito conhecida de todos, é bem empregada para aquelas situacoes em que, mesmo sem querer voce acaba cedendo, concordando, aceitando, ou seja la o que for. Mas sempre contra a sua (honesta) vontade.
Tem um ditado Japones que diz que "passou pela garganta, o corpo aceita tudo".E é verdade. Todo mundo ja experimentou tomar um cha bem quente. Se voce decidir nao cuspir, engula! Da garganta pra baixo nao doi mais. Ou um remedio bem amargo? Da garganta pra baixo nao se sente o gosto.
Guardadas as devidas explicacoes biologicas para o "fenomeno", isso ilustra bem o que o ditado oriental quer dizer.
E isso é engolir sapo.
E por que sera entao que a gente escolhe - sim, porque é escolha - engolir uns sapos, de vez em quando?
Para conservar as relacoes humanas que construimos (e as vezes so construimos se engolirmos os tais anfibios) em nossas "vidinhas".
Pois é. Entao ficamos assim! Engulamos os sapos de vez em quando e nao reclamemos, porque depois que passou pela garganta, o corpo aceita tudo!
A expressao, muito conhecida de todos, é bem empregada para aquelas situacoes em que, mesmo sem querer voce acaba cedendo, concordando, aceitando, ou seja la o que for. Mas sempre contra a sua (honesta) vontade.
Tem um ditado Japones que diz que "passou pela garganta, o corpo aceita tudo".E é verdade. Todo mundo ja experimentou tomar um cha bem quente. Se voce decidir nao cuspir, engula! Da garganta pra baixo nao doi mais. Ou um remedio bem amargo? Da garganta pra baixo nao se sente o gosto.
Guardadas as devidas explicacoes biologicas para o "fenomeno", isso ilustra bem o que o ditado oriental quer dizer.
E isso é engolir sapo.
E por que sera entao que a gente escolhe - sim, porque é escolha - engolir uns sapos, de vez em quando?
Para conservar as relacoes humanas que construimos (e as vezes so construimos se engolirmos os tais anfibios) em nossas "vidinhas".
Pois é. Entao ficamos assim! Engulamos os sapos de vez em quando e nao reclamemos, porque depois que passou pela garganta, o corpo aceita tudo!