Qui tacet, consentire videtur
OLHAR EM VOLTA E ACHAR TUDO ESTRANHO E DIFERENTE, QUANDO TUDO SEMPRE ESTEVE IGUAL, INDICA QUE SEUS DIAS DE ESTUPIDEZ ACABARAM. A MAIOR BENÇÃO QUE UM SER HUMANO PODE TER, É PODER CONTEMPLAR SOZINHO A CAPACIDADE QUE SEU SEMELHANTE TEM DE SER ESTÚPIDO. "Que Deus me defenda de mim, da natureza que me foi inculcada".(Nietzsche, F.W.)
Sunday, November 03, 2013
Estava pensando nas escolhas que fiz na vida.
Não me arrependo de nenhuma delas, mesmo que em muitas situações eu tenha me machucado profundamente.
Certamente, fiz escolhas impensadas e acabei na maioria das vezes me dando mal. Mas isso não significa que tenha me arrependido.
Recentemente, fiz uma das escolhas mais difíceis até hoje e, apesar da dor estar sendo bem forte, não me arrependo.
Não me arrependo simplesmente porque sei que não havia outra coisa ser feita.
Não me arrependo porque sei que as decisões, no caso em questão, não dependiam mais de mim.
Não me arrependo porque sei que se não tivesse feito isso, ia, como sempre, acabar me sentindo uma idiota, sem culhão para dar um ponto final na situação.
Não me arrependo porque sei que não preciso me arrepender.
Se eu fosse me arrepender de alguma coisa, seria por não ter feito antes.
Wednesday, October 16, 2013
Tapa na cara ou da vontade de virar gente.
Faz pouco tempo que resolvi revisitar este espaço.
Parece que nem dei bola para o fato de que fiquei quase sete anos sem escrever aqui e, como se tivesse feito anteontem a última postagem, voltei a falar sozinha, aqui, com os meus demônios que, aliás, cresceram tanto quanto eu neste período.
A questão é que, bola dada ou não para o fato, este lugar parece-me ideal - e, porque não, confortável? - para organizar minhas ideias e desabafar comigo mesma.
Evidentemente, não duvido disso: de que eu seja a única leitora e interlocutora deste espaço.
(Dados não oficiais, coletados recentemente por mim, apontam que blogs estão fora de moda!)
Voltando ao assunto, o que me leva a expor hoje meia dúzia de palavras e pensamentos, é o fato de que, percebi que nas minhas fases críticas de cansaço, descrença no ser humano, pouca paciência com os melindres de uns e outros e, principalmente, preguiça de procurar resolver pendengas que poderiam ser tratadas com mais diálogo e até um pouco de política, sempre revisito as ideias do Sr. Nietzsche.
Numa dessas revisitadas, deparo-me com o seguinte trecho, extraído de ECCE HOMO - Como se chega a ser o que se é:
"Quanta é a verdade que um espírito suporta, quanta é a verdade a que ele se aventura? - Eis o que sempre foi para mim o genuíno critério dos valores. (...) Toda a realização, todo o passo em frente no conhecimento resulta da coragem, da dureza contra si mesmo, da integridade para consigo..."
Preciso dizer mais o que?
É tão elucidativo quanto engraçado perceber que, mesmo tendo crescido e aprendido muito nestes sete anos, minhas crenças e valores não mudaram.
É o velho Bigode, sempre atendendo às minhas angústias, com prontidão e muita, muita presteza!
E lá vamos nós, demasiadamente humanos, buscar garantir nosso lugar ao sol.
Tuesday, August 06, 2013
Despedida
Algumas coisas em nossas vidas são permanentes. Coisas e também pessoas.
Eu tentei me despedir, por mais de uma vez, de mais de uma coisa e de mais de uma pessoa.
De algumas eu consegui, de outras, não.
Despedir-se de algo ou de alguém é sempre mais difícil, quando o que se gostaria mesmo era se aproximar cada vez mais daquilo ou daquela pessoa.
Quero aqui me reportar especialmente à questão das despedidas das pessoas.
No último post, faço uma analogia entre as tentativas (às vezes frustadas) de encaixe de pessoas em nossas vidas.
Podemos passar muito tempo acreditando que certas pessoas se encaixam em nossas vidas, ou - e, principalmente, no caso aqui - que nos encaixamos nas vidas de outrem.
Em outros termos, podemos passar muito tempo nos 'enganando' quanto a isso.
Dói perceber que não é possível o tal encaixe? Demais!
É frustrante? Muito!
É decepcionante? Muito!
Mas a vida tem que seguir.
A gente tem que seguir...
Por diversas vezes, no caso em questão, fiz isso: segui adiante.
Mas parece que, por alguma razão - que, confesso, já não sei mais se tenho 'olhos' para detectar por qual - a espiral de encontros, desencontros e reencontros que a vida me proporciona me fez (re)acreditar que talvez ainda houvesse uma possibilidade de encaixes.
Não houve.
Então, o que me cabe fazer? Despedir-me.
Mas isso não é tão simples. Dói.
Recentemente, fui impelida a despedir-me da pessoa que mais me amou na vida e, certamente, aquela que mais amei também: minha mãe.
A despedida foi obrigatória. Sem acordo. Sem discussão. Simplesmente, a vida achou que assim era melhor, e nos afastou incondicionalmente.
Nesses casos, quando a decisão não nos cabe, a despedida é dolorida mas, porque inevitável, acabamos, depois de algum tempo, nos conformando e nos adaptando ao fato.
Mas, e a respeito do que me ocorre agora?
Pelo menos sob o meu ponto de vista, esta despedida me era inexorável. Não poderia mais postergar um "adeus", simplesmente por excesso de teimosia, orgulho e arrogância.
Sim, orgulho e arrogância foram dois vícios que me acompanharam nesses tantos anos, quando o assunto era "a despedida". Não conseguia conceber a ideia de me afastar de alguém que, já declaradamente, fazia parte da minha essência e de quem a recíproca - ao que tudo indica(va) - é(era) verdadeira.
Mas não me acompanharam somente estes dois vícios.
Fui acometida por outras tantas virtudes e sentimentos que, de algum modo, me faziam continuar pensando que não valia mesmo a pena despedir-me. Paciência, resiliência, respeito, admiração...tudo isso me fez continuar tentando entender o que acontecia nessa relação e por que as coisas pareciam mudar tão pouco, mesmo com o passar dos anos.
Entretanto, agora é a hora da despedida acontecer. Não há mais que postergá-la.
Continuarão existindo respeito, admiração, carinho, amor. Nada disso mudará.
Mas, como tudo acaba mesmo virando história, faço aqui minha reverência (quase um elogio) a um período da minha vida (quase metade dela!) que me foi caro e do qual me lembrarei sempre com muita saudade.
Meu trabalho daqui para frente terá de ser o de transformar esta saudade em sentimento bom, sem nostalgia ou frustrações.
Saudade de boas histórias. De momentos bons, mas que não voltam mais.
É difícil demais ter a percepção de que não se trata de não querer, mas sim, de não conseguir. E, sinceramente, hoje tenho absoluto respeito por isso.
Honestamente e de coração limpo, eu me despeço.
Me despeço e faço isso com muita dor. E não tenho qualquer problema em admiti-la.
A dor que me causo com a despedida é absurdamente desconfortável e, honestamente, não sei quanto tempo vai demorar a passar, mas farei questão de vivê-la e transformá-la em luto e depois em saudade, pois nunca fui daquelas pessoas que preferem o conforto do não confronto. Principalmente se este for comigo mesma.
Despeço-me por exaustão e por não ter mais ânimo para acreditar que seja possível absolutamente qualquer tipo de encaixe.
Sinceramente.
Thursday, July 25, 2013
Das tentativas de encaixar um cubo dentro de um cilindro e das relações humanas
Não é religião. É matemática.
Para que um cubo caiba "perfeitamente" dentro de um cilindro (matematicamente, dizemos que o cubo está inscrito no cilindro), é necessário que a diagonal da face do cubo tenha mesma medida que o diâmetro da base do cilindro. Além disso, a altura do cilindro deverá ter mesma medida que a aresta do cubo. Mesmo assim, nesse suposto encaixe perfeito, há espaços que não são preenchidos. Isso é matemática
Nas relações humanas a coisa não acontece de forma tão diferente.
Naturalmente, um ser humano é diferente do outro. Uns são cubos, outros, cilindros.
Quando as pessoas estabelecem relações, esperam que suas vidas, de algum modo, se encaixem umas nas outras.
Alguns conseguem que suas vidas se encaixam tão bem que, matematicamente falando, elas ficam circunscritas umas às outras. Outras nem tanto.
Mesmo assim, aquelas cujo encaixe não é tão perfeito, acabam sendo relações interessantes - se for esse o desejo dos envolvidos -, dado que, como seres adaptáveis, os humanos procuram sempre se modificar (costumamos chamar isso de "evoluir"), e acabam por 'aparar' suas arestas a fim de que o encaixe seja cada vez mais perfeito.
Os espaços 'vazios' que 'sobram' desses encaixes, espera-se, deem ser preenchidos por outras tentativas de encaixe com diferentes indivíduos.
E assim, teoricamente, preenchemos nossa vida de relacionamentos.
O problema: e quando nos deparamos com indivíduos que aparentemente se encaixariam em nossas vidas mas, quando uma análise mais apurada é feita, concluímos que o encaixe está longe de ser perfeito?
O problema não existiria, caso os envolvidos desejassem 'aparar' suas arestas.
Mas, e quando isso não acontece?
Em geral, o que as pessoas tentam fazer é forçar o encaixe. E, nessas, acaba acontecendo o inevitável: um desgaste natural das 'peças', gerando aborrecimentos, contrariedades, conflitos, mágoas, rancores...
E as relações acabam por não se efetivarem como deveriam.
O que precisamos aprender é que, se as nossas 'medidas' não forem compatíveis com as daqueles com quem, de longe, achávamos que poderíamos nos relacionar, devemos: 1)ou aparar nossas arestas e acordar com o outro que faça o mesmo; 2) ou abandonar o projeto de encaixe.
Evitamos assim desgastes e frustrações desnecessárias para a nossa "evolução".
Friday, June 08, 2007
De Gramática e de Linguagem
E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham.
Estão em toda parte.
Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas.
Bastam-se.
Não se metem com ninguém.
Uma pedra.
Um armário.
Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,Amigo ou adverso...
João só será definitivo
Quando esticar a canela.
Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
(Mario Quintana)
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham.
Estão em toda parte.
Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas.
Bastam-se.
Não se metem com ninguém.
Uma pedra.
Um armário.
Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,Amigo ou adverso...
João só será definitivo
Quando esticar a canela.
Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
(Mario Quintana)
Sunday, May 27, 2007
A realidade é muito triste...
... mas o processo de aprendizagem nunca acaba...
Não posso dizer que o momento seja bom, mas que veio em boa hora, disso não tenho dúvidas!
O fato é que, em meio a trancos e barrancos, os acontecimentos sempre têm algo de bom pra revelar.
Depois de tanto bombardeio, o outro lado do "front" sucumbiu.
Mostrou-se absolutamente despreparado. Revelou que seus tiros foram todos a esmo. Mirou, mirou, mirou e acabou mirando a própria bunda! Ou então, se deu um tiro no pé!
E agora, o que resta é levantar acampamento. Recolher os destroços e contar o mortos....que diga-se de passagem, não devem ser poucos. Aliás, a contagem só começa mesmo a tomar corpo e forma quando a companhia resolve mesmo assumir que perdeu.
Como é fácil apontar os dedos para os defeitos dos outros!
Como é fácil criticar a vida alheia! Arrumar defeitos, dar nomes e sobrenomes ou adjetivar todo e qualquer tipo de comportamento nos outros! Ah como é fácil!
E agora? O que se deve fazer para encobrir a merda, quando ela é nossa? É difícil não é? Difícil perceber que, enquanto a gente estava 'pré-ocupado' com a vida alheia, a nossa ficou esquecida, em segundo plano e acabou desandando!
Pois então, agora só resta mesmo começar a cuidar da própria vida, porque, de novo, ratifico: quando extrapolamos e passamos aos domínios que não nos cabem, estamos caindo na desgraça da incompetência!
E, quem não tem competência, não se estabelece!
No final das contas, é muito reconfortante descobrir que eu não estava errada.
Não posso dizer que o momento seja bom, mas que veio em boa hora, disso não tenho dúvidas!
O fato é que, em meio a trancos e barrancos, os acontecimentos sempre têm algo de bom pra revelar.
Depois de tanto bombardeio, o outro lado do "front" sucumbiu.
Mostrou-se absolutamente despreparado. Revelou que seus tiros foram todos a esmo. Mirou, mirou, mirou e acabou mirando a própria bunda! Ou então, se deu um tiro no pé!
E agora, o que resta é levantar acampamento. Recolher os destroços e contar o mortos....que diga-se de passagem, não devem ser poucos. Aliás, a contagem só começa mesmo a tomar corpo e forma quando a companhia resolve mesmo assumir que perdeu.
Como é fácil apontar os dedos para os defeitos dos outros!
Como é fácil criticar a vida alheia! Arrumar defeitos, dar nomes e sobrenomes ou adjetivar todo e qualquer tipo de comportamento nos outros! Ah como é fácil!
E agora? O que se deve fazer para encobrir a merda, quando ela é nossa? É difícil não é? Difícil perceber que, enquanto a gente estava 'pré-ocupado' com a vida alheia, a nossa ficou esquecida, em segundo plano e acabou desandando!
Pois então, agora só resta mesmo começar a cuidar da própria vida, porque, de novo, ratifico: quando extrapolamos e passamos aos domínios que não nos cabem, estamos caindo na desgraça da incompetência!
E, quem não tem competência, não se estabelece!
No final das contas, é muito reconfortante descobrir que eu não estava errada.
Thursday, May 24, 2007
Amém!
Pois então...
E fui surpreendida, mais uma vez, por uma dessas coisas da vida...
Eu não estaria tão incomodada com o assunto, caso não tivesse vindo de alguém por quem - apesar das circunstâncias - guardo respeito e, confesso, inclino-me a certa admiração.
O fato é que a frustração de não poder responder convenientemente a um questionamento (absolutamente pertinente) me deixa bastante angustiada.
E aí, me vem à mente a questão de que, de fato, nessa vida, um monte de questionamentos que acabamos fazendo, no final das contas, ficam sem respostas convenientes. E a gente se frustra, se decepciona e , mesmo assim, continua procurando, sem parar, como se ainda houvesse algum lugar "sagrado" que contivesse todas as repostas do mundo!
Pior que isso, um monte de coisas com as quais temos que lidar, não servem pra nada - ao menos não de um modo prático, ou imediato - ocupam nosso tempo, fazem-nos queimar nossos neurônios a fim de desenrolarmo-nos com elas e acabam morrendo no limbo das nossas mais remotas lembranças do que um dia aquilo foi pra nós...
Enfim, continuamos assim, porque somos assim e porque precisamos disso para continuarmos sendo assim.
Simplesmente porque gostamos que assim seja!
E fui surpreendida, mais uma vez, por uma dessas coisas da vida...
Eu não estaria tão incomodada com o assunto, caso não tivesse vindo de alguém por quem - apesar das circunstâncias - guardo respeito e, confesso, inclino-me a certa admiração.
O fato é que a frustração de não poder responder convenientemente a um questionamento (absolutamente pertinente) me deixa bastante angustiada.
E aí, me vem à mente a questão de que, de fato, nessa vida, um monte de questionamentos que acabamos fazendo, no final das contas, ficam sem respostas convenientes. E a gente se frustra, se decepciona e , mesmo assim, continua procurando, sem parar, como se ainda houvesse algum lugar "sagrado" que contivesse todas as repostas do mundo!
Pior que isso, um monte de coisas com as quais temos que lidar, não servem pra nada - ao menos não de um modo prático, ou imediato - ocupam nosso tempo, fazem-nos queimar nossos neurônios a fim de desenrolarmo-nos com elas e acabam morrendo no limbo das nossas mais remotas lembranças do que um dia aquilo foi pra nós...
Enfim, continuamos assim, porque somos assim e porque precisamos disso para continuarmos sendo assim.
Simplesmente porque gostamos que assim seja!